Amazonas

Água do rio Negro é imprópria para consumo, aponta estudo de pesquisadores da UEA

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) divulgou os resultados iniciais de um estudo que avalia a qualidade das águas do rio Negro, um dos maiores rios do mundo e crucial para a biodiversidade e a vida dos habitantes da Amazônia. Realizado como parte da quarta expedição do Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do Estado do Amazonas (ProQAS/AM), o levantamento apresenta um panorama da saúde ambiental do rio e alerta para as interferências da ação humana em sua qualidade.

Durante a expedição, que aconteceu em setembro e durou 10 dias, uma equipe de 13 pesquisadores da UEA, acompanhada por sete tripulantes, percorreu várias regiões da bacia do rio Negro a bordo do barco de pesquisa “Roberto Santos Vieira”. Um dos resultados mais significativos dessa jornada científica foi o desenvolvimento de um índice próprio para avaliar a qualidade da água na região, considerando tanto os fatores naturais quanto os impactos humanos.

Presença de Coliformes e Possíveis Riscos

O estudo apontou a presença de coliformes tolerantes em quase todos os pontos monitorados ao longo do rio. A presença desses micro-organismos sugere que, em boa parte da extensão do rio, a água não é adequada para consumo humano. Apesar disso, os níveis de coliformes não atingem índices perigosos para o contato humano, o que indica que a água ainda é considerada segura para banho e outras atividades recreativas.

O coordenador do estudo, Prof. Dr. Sergio Duvoisin Junior, destacou que essa presença de coliformes é um indicativo de contaminação por esgoto ou resíduos humanos, possivelmente resultado da atividade urbana crescente na região. No entanto, ele alertou que a situação atual requer monitoramento contínuo para evitar o agravamento dos níveis de contaminação.

Metais Pesados e Parcerias Internacionais

Outro aspecto investigado durante a expedição foi a presença de metais pesados na água, especialmente mercúrio. A equipe, no entanto, não detectou mercúrio nas amostras analisadas, embora o professor Duvoisin tenha ressaltado que os equipamentos utilizados atualmente possuem sensibilidade limitada para essa detecção. Diante disso, uma análise mais aprofundada está programada para o próximo ano, quando a UEA firmará uma parceria com a Universidade de Harvard para aprimorar o monitoramento e identificar possíveis poluentes em níveis mais baixos.

A colaboração com Harvard reforça o compromisso da UEA em investigar com precisão as condições ambientais do rio Negro e identificar riscos potenciais, principalmente considerando o uso da região por comunidades que dependem diretamente dessas águas.

Áreas de Risco na Região Metropolitana de Manaus

Além do rio Negro, a equipe da UEA também monitora outros cursos d’água na região de Manaus, incluindo as bacias dos rios Tarumã Mirim, Tarumã Açu, São Raimundo, Educandos e Puraquequara. O professor Duvoisin destacou a situação alarmante dos rios São Raimundo e Educandos, que apresentaram os piores índices de qualidade de água entre os locais monitorados.

A baixa qualidade das águas desses rios é atribuída ao despejo de esgoto e outras atividades industriais e urbanas, comuns em áreas densamente povoadas. Essa poluição ameaça diretamente a saúde pública e o meio ambiente local, colocando em risco a fauna aquática e a população que depende desses rios para consumo, recreação e sustento.

Os resultados da pesquisa acendem um alerta para a necessidade de ações mais rigorosas na proteção das águas do Amazonas. A UEA planeja intensificar o monitoramento nas áreas críticas e expandir parcerias com outras instituições, tanto nacionais quanto internacionais, para desenvolver tecnologias e metodologias mais eficientes na análise de contaminantes.

Informação: AmPost

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