Quem me fez sorrir com sua presença, agora me faz chorar por sua ausência: é carnaval. Para Paulo Onofre. Crônica Por Renato Bessa
Ao centro Ademir Ramos e Paulo Onofre
Paulo Onofre, um dos mais alegres e conhecidos animadores do carnaval de Manaus, amante do estilo tradicional, do carnaval de todos e das famílias; fã incondicional do velho Chacrinha, Paulo Onofre vinha há 8 anos promovendo os bailes de carnaval abertos, geralmente realizados na Praça da Policia, ao som de bandas de metal e animado por artistas do povo que arrebanhava centenas de foliões das mais diversas idades e classes sociais em um único momento e lugar, onde não existiam diferenças e todos eram embalados pela alegria, simplicidade e marchinhas conhecidas e sátiras políticas.
Ativista social e político, Paulo Onofre teve sua trajetória de vida sempre marcada pela justiça e pelo bem estar social. Atuante em movimentos pró-desenvolvimento da Amazônia. Paulo destacava sua condição de amazônida, de filho do Rio Amazonas, nascido nas barrancas de Óbidos e se dizia o filho de português mais índio que ele conhecia.
Também no alto de suas considerações sobre a vida, Paulo dizia que temos em nossa região tudo o que o mundo precisa para viver, que somos ricos e vivemos como miseráveis, que a exemplo da estrofe do Hino Nacional Brasileiro, vivemos “deitados eternamente em berço esplendido” e citava sempre as palavras sábias do mestre Evandro Carreira, um ferrenho defensor do desenvolvimento regional que poderia tornar o povo da Amazônia rico e independente, mas lamentava o fato de vivermos acorrentados por nossos governantes.
Paulo, além de animador e produtor cultural, também era um Cientista Político por excelência, jornalista por ação e Sociólogo por vocação.
Nos últimos meses, além de estar envolvido com o Festival de Marchinhas, Paulo esteve atuando junto à Câmara Municipal de Manaus buscando solução para o problema que atinge a muitas pessoas e famílias; trata-se da inserção da Pessoa Com Deficiência no mercado de trabalho, tendo sido inclusive um dos responsáveis pelos questionamentos nos editais de concursos recentes, onde a previsão de reserva de vagas para PCD’s não atendia o número suficiente.
Paulo nos deixa no dia de hoje após sofrer um AVC causado por um aneurisma e após ter passado por uma cirurgia de emergência. Paulo segue para um plano superior e certamente para um lugar bom, pois sua vida neste plano foi positiva. Paulo deixa um legado de boas ações, de exemplos e trabalhos a serem seguidos e continuados. Paulo não morreu, porque para os que fazem a vida valer não existe a morte, mas sim a continuação em outro plano das ações que por aqui desenvolveu, ou seja, a bondade e o exemplo de vida.
Segue em paz irmão e amigo Paulo Onofre. Teus feitos sempre serão lembrados e teu trabalho será continuado, pois o que de bom se plantou, será cultivado e seus frutos colhidos por aqueles que merecerem.
Você fez a alegria de tantos e hoje entristece a muitos por sua partida prematura. Não nos esqueceremos de suas histórias e brincadeiras que contavas sobre sua infância junto com seu amigo ADEMIR RAMOS, que desde meninos em Óbidos até os movimentos sociais e políticos, sempre estiveram juntos como irmãos siameses.
Obrigado pela amizade e pelo que fostes, és e serás Paulo Gago. Quem é de samba não morre, não perde a fama, não vive ao léu. Planta sementes na Terra e colhe frutos no céu.
Aos que leem, “Carpe Diem”. Aproveitem o dia porque a noite é escura.
“Alô Onofre, tira a mão do cofre Onofre” (Chacrinha)
O Autor é Policial Civil e Vice-Presidente do SINPOL-AM